Cheia de silêncio
Ela anda pela casa vazia
Sua ausência está em todos os cantos
É como se ao abrir a porta do quarto
Ele estará ali deitado olhando pela janela
Vai até à varanda e senta onde ele sentava
Passa a mão no rosto como ele fazia
E na janela olha lá para fora
É como se tudo não passasse de um sonho
Aquela tristeza, aquele ser sozinha
Acorda de madrugada e se ocupa das lembranças
Rola na cama e não o encontra
Ele gostava das carícias e de dormir abraçado
Às vezes tem a impressão de que no almoço ele espera pelo
prato
Chega até fazer o prato, mas na mesa não há ninguém.
Não há mais o baú, o rádio, as ferramentas, a loção
pós-barba
Mulher de um homem só até hoje
Daria tudo por um reencontro
Tomar um banho, pintar-se, perfumar-se
Receber um elogio, um beijo, um abraço apertado
Sozinha ela anda pelo quintal
Está sem marido, está sem ninguém
Na plataforma de suas lembranças
O trem sempre vem trazê-lo para os seus braços.